Se há peça que define o estilo deste outono-inverno, é o casaco. Basta abrir o Instagram ou passar numa rua movimentada para perceber: eles estão em todo o lado. Oversized, em pele verdadeira, com franjas, efeito pelo ou em versões mais acessíveis em poliéster, os casacos da Zara tornaram-se virais, símbolos de moda rápida e de desejo imediato.
Mas por trás do hype fica a questão essencial: vale a pena investir? E ainda mais importante: qual é o impacto destas escolhas no planeta e nos animais?
A qualidade por dentro da tendência
Este ano, a pele, seja ela verdadeira ou “efeito pele”, voltou em força. E aqui a conversa precisa de ser clara:
Pele verdadeira (ovina, suína ou caprina)
Durável, robusta e até mais sustentável a longo prazo (porque pode atravessar décadas). Mas vem de animais, o que levanta questões éticas inevitáveis. Se for bem cuidada, é um casaco que sobrevive a muitas estações e até ganha carácter com o tempo. Quase sempre tem forro em poliéster, que não respira tão bem, mas não compromete a longevidade da peça.
Camurça e “efeito camurça”
A camurça autêntica é sofisticada, mas muito delicada: mancha e estraga-se facilmente com água e humidade. Dura, sim, mas exige cuidados exigentes. Já as versões em poliéster com “efeito camurça” são mais acessíveis e democráticas, mas o preço é também um reflexo da durabilidade: são peças para uma ou duas temporadas, não mais.
Malhas, franjas e efeito pelo
Fotogénicos e cheios de presença, são os casacos que mais brilham em fotografias e stories. No entanto, quando feitos de fibras sintéticas (acrílico, poliéster, modacrílica), desgastam-se rápido, perdem suavidade e podem criar borboto. Ou seja, são peças statement, mas não de investimento.
Poliéster e misturas sintéticas
São resistentes ao dia a dia e fáceis de produzir em massa, mas deixam uma pegada ambiental significativa: não respiram, libertam microplásticos nas lavagens e dificilmente têm a mesma vida útil de fibras naturais. São escolhas de impacto imediato, não de longo prazo.
Moda com impacto: escolhas que pedem reflexão
O dilema está na balança entre durabilidade e ética.
- A pele verdadeira dura anos, mas implica a morte de animais.
- Os sintéticos evitam o uso de pele animal, mas têm impacto ambiental elevado, já que são derivados do petróleo, libertam microplásticos e raramente duram mais de algumas estações.
- As misturas (meio lã, meio poliéster, por exemplo) tentam equilibrar, mas também têm limites.
A pergunta que cada mamacita pode fazer é: quero um casaco para já, ou um casaco para a vida?
Dicas para prolongar a vida de qualquer casaco
Independentemente da escolha, cuidar bem é sempre a forma mais sustentável:
- Pele e camurça verdadeira → Guardar longe de humidade e luz direta, usar cabides largos, nunca fechar em plástico, limpar em lavandaria especializada.
- Efeito camurça ou pele sintética → Evitar dobrar, limpar só com pano húmido, guardar com proteção de tecido.
- Malhas e peças com franjas/pelo sintético → Lavar em saco protetor, a frio, do avesso, e secar na horizontal. Escovar suavemente para manter volume.
- Poliéster e fibras mistas → Lavar pouco, a frio e de preferência com sacos que retêm microfibras (como o Guppyfriend) para reduzir impacto ambiental.
Os casacos virais: hype ou investimento?
93 % poliéster + 7 % elastano, forro sintético. Bonito e trendy, mas totalmente artificial: aquece, não respira e o “efeito camurça” gasta-se depressa.
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73 % poliéster, 19 % poliamida, 7 % lã e 1 % elastano, forro sintético. Mistura maioritariamente artificial com toque de lã. Gira para a estação, mas não é peça de longa vida.
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Exterior 100 % poliéster com revestimento em poliuretano, forro sintético. Todo artificial: impacto visual imediato, mas tende a descascar ou endurecer com o tempo.
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Camurça suína 100 %, forro sintético. Elegante e intemporal, mas muito sensível a manchas e humidade. Requer manutenção especializada.
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Pele suína 100 %, forro sintético. Visual premium e pode durar, mas o interior não respira. Necessita de cuidado contínuo.
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É um blusão estilo bomber em pele suína 100 % e tem aquele ar robusto e premium, mas como o forro é poliéster, vais ter de lhe dar atenção no uso e nos cuidados para que dure bem.
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100 % camurça (pele caprina), com forro sintético. Sofisticado e de qualidade, mas delicado: a camurça mancha e risca facilmente, exige cuidados especializados.
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Pele ovina 100 %, forro sintético. Aspeto premium e durabilidade real se bem cuidado, mas o interior não respira. Exige manutenção regular.
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Pele caprina 100 %, forro sintético. Forte e sofisticado, mas precisa de cuidados e limpeza especializada para não perder o aspeto.
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77 % acrílico, 18 % poliéster, 5 % modacrílica, forro sintético. Chamativo e quentinho, mas o pelo artificial perde suavidade rápido se não for bem tratado.
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100 % poliéster em exterior, enchimento e forro. Versátil e aconchegante no look, mas limitado em qualidade: perde o toque macio facilmente.
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Exterior 100 % algodão, forro 65 % poliéster e 35 % algodão. Forte e clássico por fora, mas o interior sintético retira conforto. Pode durar várias estações se for bem tratado.
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50 % lã e 50 % poliéster, forro sintético. A lã dá mais qualidade e calor, mas continua a ser uma mistura. Pode durar bem se for tratado com cuidado.
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Exterior em pele suína, com forro sintético. Robusto e premium, mas exige manutenção regular para não perder o aspeto.
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Além da tendência
Os casacos virais da Zara são o espelho da moda atual: imediata, massificada e altamente instagramável. Mas também são um convite à reflexão.
- Um casaco em pele verdadeira pode durar anos, mas exige consciência sobre o custo animal.
- Um casaco em poliéster pode parecer mais “leve” eticamente, mas tem impacto ambiental forte e curta vida útil.
- O mais sustentável, em qualquer caso, é comprar menos, cuidar mais e usar durante muito mais tempo.
No fim, cada mamacita decide qual é o peso que quer dar ao hype, à durabilidade e à responsabilidade. A moda pode ser divertida e viral, mas também pode ser mais consciente.